segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Reencontro


Agora eu entendo que ninguém me entende. Aliás, ninguém se entende. Você pode contar a sua história pra qualquer um, mas ninguém nunca vai saber realmente como foi aquilo. Não sabe de que maneira você estava, quais eram seus pensamentos. É impossível, digo, é IMPOSSÍVEL! As pessoas podem tentar ser você em determinada situação, mas não serão, nunca serão. Porque somente você sabe o que é ser você mesmo. Não há nomenclaturas, não há argumentos.
Então desisto agora de tentar fugir de mim. Me aceito assim, estou aceitando de volta aquele casamento desgastado que havia entre mim e eu mesma. Prometo dessa vez fazer de tudo para que dê certo.
E não há porque ser diferente. Ser eu mesma anda sendo tão bom!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Continuação III e/ou Fim

IX

A tarde passou rápido. Logo já estava Guilherme esperando por Gabriela, quando ela chega. Ele acena. Ela vai a sua direção:
- Olha, vim pra dizer que não venho.
Ele deu uma risada:
- O que? Como assim? - E riu novamente.
- É sério. Olha, não quero esse negócio de romance, entende? Não quero mesmo. Estou feliz como estou. Não preciso de ninguém ao lado pra dizer que tenho uma felicidade completa. Por que ter que completar a vida com pessoas? Nascemos grudados com outro alguém por acaso?
Guilherme a observou por um tempo, até que finalmente disse:
- Olha Gabriela, realmente você é uma moça muito atraente, não vou negar. Mas eu te chamei aqui com as melhores das intenções mesmo. Eu gostei de conversar com você, achei que a gente podia se falar mais, porque é difícil hoje em dia encontrar pessoas que não sejam superficiais. As pessoas querem tanto mostrar que são boas, que são legais forçadamente, que acabam esquecendo-se de mostrar as qualidades que elas realmente têm. E você não, você conversou comigo normalmente, sem querer se mostrar. E eu gostei disso. Mas desculpa se eu fui muito evasivo. Aliás, que mal lhe pergunte, que desilusão amorosa você teve pra estar tão revoltada?
E deu uma risada novamente.
Ela respirou, se acalmou, e enfim sentou.
- Me desculpe Guilherme. Acho que fui muito estúpida, né? Também adorei te conhecer. Bom, vamos ao que interessa. Comeremos o que?
Depois do susto a noite correu tranquila.


Alguns dias se passaram desde o incidente do jantar. Guilherme não ligou, não mandou mensagem, não a procurou.
Gabriela se sentiu realmente culpada, achando que havia assustado o garoto pelo sua explosão de sinceridade daquele dia. Pensou bastante e enfim tomou uma atitude.
- Alô
- Oi, Gui. Aqui é a Gabriela... Tudo bem?
Conversaram sobre os dias. Gabriela perguntou se ele estaria livre algum dia para marcarem alguma coisa. Guilherme disse que estaria livre no sábado e que adoraria encontra-la.

XI

Sábado chegou. Estava Gabriela com seus cabelos loiros presos folgadamente, vestida com uma calça justa e uma camisa bonita esperando Guilherme, que estava atrasado. “Ele não virá”, pensava, e não parava de pensar nisso. Não sabe bem se ele não vinha porque pensou tanto nisso que acabou atraindo energias negativas, e ele acabaria não vindo mesmo, ou se ele não viria mesmo ela não pensando assim, estava viajando nos pensamentos e ela já estava se preparando para o pior. Enfim, ele não viria, ela tinha certeza!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Continuação II

V

Não direi que o carinha do café não tentou entrar em contato. Ele tentou. Tentou bastante até. Mas ela não queria. Ela não queria muito. Mas pensou “o que seria perder tempo com alguém que quer perder o seu com qualquer pessoa que lhe dá um sorriso mais efusivo?”. Enfim, foi vencida por si mesma, e resolveu atender. Conversaram, conversaram um pouco mais e até mais do que ela achava que conversariam. “O papo dele não é tão ruim”, pensou ela sobre o esforço dele em agradá-la, ela começou a ter um apreço pelo seu novo amigo e/ou flerte, porque não estavam muito claras suas intenções. Marcaram as dezenove horas no mesmo café. “O que vou perder além do tempo e paciência?”. Sim, ela está revoltada com o mundo. E ela tem razão. Depositou seu futuro ao lado de uma pessoa que no seu inconsciente sabia que não era o melhor pra ela, mas a sociedade tanto impõe que devemos ter um bom emprego, constituir família e ter uma vida estável, que se perdeu em suas vontades e foi obrigada a ser guiada pelos outros.

VI 

Lá está ele, pontualmente no café esperando-a. Ela está chegando, refletindo seriamente se segue em frente ou apenas vai pra casa. Abriu a porta, ele se levantou de súbito. Cumprimentaram-se com um beijo no rosto. Sentaram e pediram um cappuccino. Depois decidiram pedir um conhaque, já que o frio estava lá fora uivando pela noite que caia. Depois de alguns copos e risadas começaram um papo mais íntimo. Conversaram sobre amores e desamores. Então ele disse:
-Depois de todas essas histórias, estou à procura de um amor que me faça bem. De uma pessoa bacana...
Silêncio total.
Até que ela disse:
- Eu não estou à procura de amor nenhum. Todos depositam sua vida em outro alguém. Estar apenas de bem consigo mesma já não é uma grande felicidade?
Depois disso pouca conversa rendeu. Dessa vez se despediram com um “Até logo”, mas ela sabia que o “logo” não viria. E isso pouco a abalou.

VII

Na sexta-feira resolveu libertar-se do seu apartamento e foi para uma festa com suas amigas. Sorriu, dançou, cantou, riu com tanta liberdade que sentiu que aquela era uma felicidade plena. Mas pra ela felicidade não é constante, a vida é feita de mil momentos bons, mas não se pode ser feliz o tempo todo, a tristeza também deve caminhar conosco. É necessária, porque se não fosse por ela, a felicidade não seria tão almejada, a felicidade seria uma coisa normal, e da normalidade todos tentam fugir. Tentam fugir porque é clichê fazer isso, é descolado dizer isso. Mas as pessoas inconscientemente querem ser normais, porque no íntimo ninguém quer fazer a diferença. Ninguém quer deixar de comer bem para dar ao próximo. Porque ser diferente não é usar uma calça rasgada ou algo assim, mas é fazer o que as pessoas não fazem, de ter atitudes diferentes nesse mundo de hoje, em que todo mundo só olha pra si, para seu próprio umbigo. E é ainda mais clichê dizer que isso é mentira.
Começou a conversar com um homem bonito, lá pelos seus 28 anos. Alto, loiro, porte normal. Enfim, um homem normal. Ele poderia ter sido salvo em um papo normal. Porém o papo dele se resumiu em:
- Já fui para Europa uma vez, quando fazia muito frio. Mas não sabia que o frio era tanto assim, aí tive que comprar um casaco que custou muitos euros! Se te disser quanto você nem vai acreditar, por isso não digo. Depois fomos para uma cidade perto de onde estávamos e nos hospedamos por lá. Ficamos no hotel a noite toda. No outro dia quando fomos pagar a conta tinha ficado muito caro! E ainda tínhamos comprado uns eletrônicos pra trazer pra cá. Enfim, a viagem mais cara que eu já fiz. Mas sei lá, pra mim dinheiro não é problema, sabe gata.
- Sei.
Ela deu as costas para o homem-dinheiro e não olhou pra trás.
Não entendia porque ela só atraia caras desse tipo, ou de outros tipos, mas nenhum que a agradava. Na verdade ela ainda não sabe que tipo ela quer, mas não são esses. Às vezes o que ela gosta é o que ela não vai precisar observar o tipo dele. Vai ser aquele e pronto, sem querer. Porque o amor tem que ser assim, tem que ser uma coisa simples, e não encontrado pela impressão prematura.
Quando ela já estava cansada de esbanjar felicidade e sorrisos, resolveu ir embora. Suas amigas quiseram ficar. Quando ela estava na fila para pagar sua conta alguém veio puxando papo com ela. Ele perguntou seu nome:
- Gabriela. E o seu?
- Guilherme.
Conversaram sobre a festa, que os dois concordaram que estava muito boa, mas que faltou algo que nenhum dos dois sabia ao certo dizer. Depois conversaram sobre suas carreiras e por fim a fila acabou. Deram adeus sem nem um “muito prazer” ou um “até logo”.

VIII 

Meses se passaram desde a balada de sexta-feira.
Gabriela recebeu durante esse tempo ligações do ex-namorado pedindo perdão, dizendo que havia se arrependido de todo o mal que ele havia feito para ela. Ela perdoou, já que para ela não havia mais nenhum sentimento além de indiferença. Ela se machucou muito enquanto estava com ele, mas ele a ajudou a crescer, a se encontrar. Mas ela não o agradeceria, claro que não. Por mais que seja bom amadurecer, aquele método em que ele a fez seguir não era o melhor, pelo contrário. Aprender na marra é muito doloroso. Ele deu a ela um tapa na cara de realidade, literalmente.
Mesmo não gostando de alguns tipos, ela não deixou de sair com alguns homens. Ria, se divertia. Mas ela sabia que aquilo era muito passageiro, e os encarou assim, não dando valor a nenhum deles. Não é por que saiu com alguém que ele é obrigado a se tornar o amor de sua vida. Mesmo que seja muito promiscuo sair com vários, há o lado do conhecimento, de conviver com outras pessoas. A vida é isso, é o convívio, e por mais que ela ache que pode ser feliz sozinha, não há como fugir do outro, porque a vida é resumida nos relacionamentos, e ela então os encarou com grande entusiasmo, mas sem nenhuma esperança de ser feliz somente por isso.
Gabriela tomava seu café da manhã lendo um livro na mesma cafeteria que antes encontrara o jovem moreno. Estava concentrada, quando um garçom trouxe um bilhete:
- Me pediram para deixar aqui.
Ela logo pensou “quem manda bilhetes em uma cafeteria, meu Deus?”. Abriu o guardanapo que vinha com os seguintes dizeres: “eu sei o que faltou naquela noite. Nós termos conversado mais sobre a vida”.
Gabriela pensou bastante. Que noite? Quem é essa pessoa? Será que era mesmo para minha mesa que tinham mandado aquilo? Quando olhou a sua volta viu um rosto conhecido. Conhecido de onde mesmo? Não se lembrava. Quando este conhecido encontrou seu olhar, ela virou. Quando veio em sua mente uma lembrança de súbito. “O cara da fila! O Guilherme!” Lembrava-se agora da festa, e dele. Quem conversou com ela sobre... Nada! Não falaram nada de mais. Mas mesmo assim ela gostou do papo. Gostou mesmo? Ela não sabia dizer ao certo.
Olhou então de novo para a mesa do conhecido e acenou. Fez um gesto dizendo que ele podia se aproximar. Ele se levantou, e então ela viu. Viu um homem alto, de cabelos pretos. Barba por fazer, olhos castanhos. “Hmmmm” foi seu único pensamento.
Ele se sentou com ela. Lembraram-se do comentário na festa, que faltava algo aquela noite, e não sabiam o quê. Ela ficou feliz em saber que ele se lembrava desse papo. Conversaram então do café, que era de boa qualidade. Falaram mais uma vez de suas carreiras. Ela sentia como se já o conhecesse há muito. Ela estava atrasada e tinha que ir embora. Ele perguntou se eles não podiam se ver mais tarde, naquele mesmo dia. Gabriela desanimou em ver que ele poderia estar apenas procurando alguma breve história de amor, como o jovem. Pensou novamente no que perderia ali, além de tempo e paciência, e resolveu aceitar.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Continuação

II

Os dias passaram lentos, mas indispensáveis. Ela precisava de alguns dias pra respirar sozinha. Há anos ela sentia que vivia sua vida para decidir a dele, ou que a dela era movida por ele, e ela não quer isso mais, ela quer independência plena, quer gritar “Eu pertenço a mim”, e acreditar nisso. As suas amigas que tentaram ajuda-la, mas quando ela tem um problema prefere se fechar até a situação passar.

III

Em uma bela tarde de sábado ela acordou preguiçosamente. Olhou ao redor do seu quarto. Seu armário de madeira escura, sua estante com seus perfumes e cremes prediletos. Um móvel em frente a sua cama guardando algumas das suas roupas. Depois se concentrou nas paredes do quarto. Olhou atentamente até que decidiu ir à loja de tintas.
No fim da tarde ela tinha uma parede toda pintada azul. Em sua sala pintou uma parede de várias cores. Colocou o sofá encostado nesta, uma cômoda com a televisão e o som em frente, e sua mesa com o computador na parede ao lado. Sua sala estava em ordem, e sua mente também. “Começo hoje uma nova vida”. E assim a fez.

IV

Entrou no seu consultório com um ar renovado. Saiu de lá e resolveu fazer tudo o que ela não conseguia. Pegou seu casaco e sentou em um café, simplesmente sozinha. “Por que preciso de alguém se eu tenho a mim mesma?”.
Enquanto desfrutava do seu cappuccino alguém se aproximou. Ela só percebeu depois, quando observou que ele vinha olhando fixamente em sua direção. Chegou perto e disse:
-Não sei como perguntar, e nem sei como tive essa coragem, mas você está aqui sozinha?
Olhou atentamente para aquele jovem de cabelos e olhos pretos. Deveria ter sua idade, ou menos. Depois de um breve sorriso ela disse que sim. Ele se ofereceu pra sentar em sua mesa, perguntou o seu nome e começaram a conversar sobre qualquer coisa, somente para que o silêncio não interrompesse aquele momento e  então ele tivesse que ir embora. Porém, depois de algum tempo de conversa ela deu uma desculpa dizendo que precisava ir embora, pois tinha que trabalhar em casa. Ele pediu timidamente seu número de telefone e se despediram com um “Muito prazer”. Ela refletiu sobre a vontade súbita de querer ir embora. Ela não está desesperada por uma breve história com qualquer um que lhe aborde em um café. Ela sabe que o que a espera é maior que isso. Cansou de acreditar no destino e começou a acreditar em si mesma.


Pequena história, grande texto

I

Ela levantou sem nenhuma vontade de acordar. O dia anterior tinha sido muito cansativo, muitos problemas no consultório. Não era fácil ser recém-formada e já ter caminhado tanto sozinha. Pegou suas economias e alguma ajuda de seus pais e montou seu próprio negócio  - Estou fazendo o meu nome, pensava orgulhosa. Mas a estrada até a estabilidade é muito longa.
Escovou os cabelos loiros, passou seu batom, olhou para ele, que estava completamente nu em sua cama, com seu corpo bonito e forte. Mas não o admirou, olhou até com repulsa, talvez, e foi pegar um café na padaria debaixo de seu apartamento.
“Hoje o dia será melhor... Será!”
Ele continuou dormindo até mais tarde. Levantou, pegou uma cerveja da geladeira dela e ficou no sofá até mais tarde.

- Abaixe essa televisão agora! Não consigo pensar com esse barulho! – Disse ela a ele enquanto tentava terminar de ler um artigo na revista. Mas ele não respondeu. Até que ela resolveu agir.
- VOCÊ ESTÁ LOUCA? – Ele gritava, enquanto levantava do sofá com um galo instantaneamente formado na cabeça pelo objeto que ela jogou nele.
- Eu mandei você desligar essa porcaria! Você não me ouve! Você nunca me ouviu! Você é um imprestável, um inú... E suas palavras foram interrompidas com um tapa na cara. Ela caiu no chão e enquanto chorava ele dizia que ela nunca conseguiria nada além de um quarto que ela chamava de consultório.
Ela levantou, ia em direção ao quarto enquanto ele a xingava. Ela pegou as coisas dele, jogou pela janela e mandou ele nunca mais aparecer. Ele saiu dizendo que jamais voltaria não porque ela pediu, mas porque era impossível amar uma pessoa como ela.
Enfim, no seu quarto entre soluços e choros desesperadores tentava entender quando foi que ela deixou de amá-lo. Onde ela estava quando seu amor se acabou. Será que foi quando ela se cansou de pedir pra ele não deixar seu tênis jogado pelo quarto? Ou quando ela se cansou de ouvi-lo contar a mesma história quando eles estavam entre amigos? Ela realmente não sabia, só tinha a certeza que fazia tempo que ela não o admirava mais, não estava mais satisfeita. Mas a rotina faz isso com os casais, os tornam normais com o tempo, e normalidade não é o que ela procura. Ela sempre gostou do que não é comum. Quando era adolescente gostava de se imaginar rindo com o seu amado dos outros casais que faziam de tudo para serem simples casais.
Até que ela se perdeu nos pensamentos, e dormiu.

domingo, 21 de agosto de 2011

Renascimento

Essência de mudança, gosto de vida nova.
Tenho pela frente muito trabalho a fazer, muita saudade pra sentir, muito texto pra ler e muitas ideias pra refletir. Enfim, mais uma etapa pra cumprir.
Guardarei o que passou no seu devido lugar.
Quero mudar pensamentos e atitudes que minha força de vontade sempre me disse: "amanhã ou outro dia..."
Espero agora toda manhã pelo novo, o renovado. O que não pôde ser feito ontem hoje será uma nova ideia.
Quero conhecer meus limites, quero realizar minhas ilimitadas vontades.