quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Vergonha dos Pés

"... Amar errado é tão comum! Então não é por merecimento que se é amado - caso fosse, Ana deveria amar Jaime. Ele não é perfeito, como todo mundo, mas a ama ternamente e tem um bom caráter. O que faltou para o coração de Ana aceitar um forte afeto por Jaime? Mesmo as qualidade mais fúteis, ele possui. Ela lembra que em algum momento acreditou amá-lo, amando-o então. Lembra de forma meio vaga deste sentimento. Ela recorda, mas não consegue sentir o que acredita ter sentido um dia. Porque "o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas". Ana compreende que as lágrimas deste verso português não são falsas no sentido adjetivo da coisa. Ela pensa nas lágrimas como que de plástico. O passado é plástico, uma maquete acrílica. Fecham-se os olhos e vê-se tudo. Sabe-se ter vivido aquilo visto, mas não se vive mais nada. Sabe-se ter sentido, mas não se sente mais. Ana amou Jaime, acredita nisso e poderá dizer: eu amei este homem. Mas é tão distante falar que amou, odiou, sentiu algo, um dia. É como se a maquete de suas lembranças pudesse quebrar a qualquer momento e ela nem mais veria que amou, pois o sentimento é inexistente, resta-lhe apenas a memória dele."

Fernanda Young

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Insighting

Estou impressionada com a forma como os reais motivos de um problema sempre estão escancarados na minha frente, e eu, sempre me fazendo de difícil, não os vejo. Mas agora que os enxerguei: AH! Que delícia reconhecê-los. Mais gostoso ainda é tentar resolvê-los.
Veja só você, que resolvendo este problema estou desistindo de ter paciência e delicadeza, tudo o que me era demasiadamente bom. Isso mostra o quão desgastada eu estava pelo parasita invísivel que vagava pelo meu inconsciente, mas com uma bela dose de remédios foi capturado, e, ainda bem, está sendo agora bem analisado e controlado.
E o real problema é este: a arte de conviver é muito cansativa. Meu Deus, como me cansa! Sorrisos simpáticos acompanhados de um 'bom dia!' quando não se tem a menor vontade de abrir a boca. Aceitar simplesmente uma coisa absurda pelo simples fato de viver em harmonia.
Pois eu digo a você que a partir de agora não serei mais obrigada a concordar com o que eu não ache certo. E deixarei toda aquela educação de décadas, que meus pais trabalharam tão bem, para parar de sofrer. Pois é, eu estava sofrendo, estava desacreditada sem nem saber o porquê.
Agora que me libertei terei alguns probleminhas pra resolver, umas chatisses pra resolver. Mas eu não me importo, pelo menos me livrarei da chatisse de ter você perto de mim!